quinta-feira, 30 de dezembro de 2021

Arquitetura, sustentabilidade e turismo regenerativo.


 Após este choque da pandemia da Covid-19 o turismo passa por uma intensa reflexão de sua retomada, onde hábitos e costumes, de fato, mudaram e afetam diretamente este setor.

No caso da arquitetura e interiores, evidentemente gerou uma rápida demanda para atender novos protocolos de higiene e distanciamento.

No entanto, um dos temas mais promissores está sendo o turismo regenerativo, pois não está se apresentando como uma alternativa à pandemia, e sim à sustentabilidade, com um conceito mais profundo da mobilidade humana e sua relação com o meio ambiente e a natureza.

Como o próprio nome diz, este tipo de turismo tenta regenerar aquilo que já foi afetado pelo homem, trazendo vida nova aos ambientes que sofreram impactos negativos. Portanto, não se trata de preservar e sim trazer de volta à vida os ecossistemas afetados. É um bom exemplo de sustentabilidade que permite ao ser humano manter o contato com esses ambientes naturais, e não apenas afastá-lo na busca da revitalização local. 

Tem vários aspectos positivos, destaco alguns, primeiro do ponto de vista ecológico: temos necessariamente que recuperar e regenerar estas áreas afetadas urgentemente, o mundo estabeleceu uma agenda ecológica de sobrevivência para 2030 que parece inatingível, e é altamente desafiadora. Neste sentido o Brasil, na sua área costeira e, principalmente, da mata atlântica tem muito a fazer.

Outro ponto importante é a ativação da economia local com responsabilidade para manutenção deste conceito. Hoje é desnecessário comprovar a importância de gerar empregos e manter o mercado local funcionando.

 Este termo de turismo regenerativo é coerente com a filosofia de sustentabilidade, pois não se trata apenas de uso de energias renováveis, reuso de água, utilização de materiais ecologicamente corretos ou seleção e destino do lixo, mas também do tripé social, ambiental e econômico.



Existem alguns bons exemplos de hotéis para este turismo sustentável, como The Brando, na Polinésia Francesa, do arquiteto Harry Gesner. Localizado na Ilha do ator Marlon Brando, por isso leva seu nome, que com menos de dez anos já recebeu vários prêmios e é considerado um dos melhores do mundo. 

E gostaria de destacar outro hotel, que também tem uma forte relação com o mar, projeto do escritório Foster + Partners na ilha Shurayrah, no Mar Vermelho.

O projeto é apontado como uma das iniciativas de turismo regenerativo mais ambiciosas do mundo, concebido para se mesclar inteiramente ao mar e ao ambiente natural. O projeto tem como centro a biodiversidade e a economia local, evitando impactos negativos nos ecossistemas da ilha como os manguezais. Este tipo de proposta de arquitetura e interiores aponta para um caminho emergente onde a sustentabilidade deixa de ser uma exigência normativa para se tornar um princípio filosófico, apresentando coerência com a vida do planeta, como o próprio escritório Foster descreveu: “o hotel foi projetado para dar a impressão de que foi trazido naturalmente às praias, inserido entre as dunas quase como troncos trazidos pelo mar. ”





Artigo publicado originalmente da revista MixDesign jun 2021

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