quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Região do ABC é destaque na revista Casa Claudia

Open publication - Free publishing - More polo

Região do ABC paulista é pólo de refrência, em negócios na área de móveis e design de interiores.

Revista Casa Claudia de agosto apresenta profissionais que destacam alguns locais de cada cidade.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Visual merchandising no Ano da França no Brasil




IMAGENS URBANAS | Vitrinas em Exposição

Como parte da programação oficial do “Ano da França no Brasil”, o evento IMAGENS URBANAS reunirá, no centro do Rio de Janeiro, os maiores especialistas - franceses e brasileiros - em visual merchandising. Juntos em palestras, workshops e mesas redondas, eles vão debater as tendências atuais do setor, apresentando suas idéias, técnicas e experiências. O evento tem como objetivo fortalecer o intercâmbio entre a França e o Brasil. Uma oportunidade rara para todos que aplicam o visual merchandising em indústrias ou no mercado varejista, assim como para as escolas de vitrinismo e design que formam os novos profissionais do setor. Durante o evento, será lançado o Guia de Paris, da Editora Estação das Letras e Marques et Couleurs, de Olivier Saguez.

Data: de 8 a 10 de setembro 2009
Horário: 8h30 às 20h30
Local: Associação Comercial do Rio de Janeiro - ACRJ
Rua da Candelária, 09 | Centro | Rio de Janeiro - RJ

programação

terça-feira, 11 de agosto de 2009

3º SEMINÁRIO - REDES DE ALIMENTAÇÃO - ABF - DESCOBRINDO O NOVO CONSUMIDOR E OS DESAFIOS PARA O SETOR - PALESTRA: DESIGN INOVAÇÃO E VISÃO DE FUTURO






3º SEMINÁRIO - REDES DE ALIMENTAÇÃO - ABF
DESCOBRINDO O NOVO CONSUMIDOR E OS DESAFIOS PARA O SETOR
PALESTRA DESIGN INOVAÇÃO E VISÃO DE FUTURO

13 de agosto 14hs
Blue Tree Morumbi
informações
11 30208825

sábado, 1 de agosto de 2009

Design, inovação e visão de futuro



Design significa projetar, planejar, designar. Todos os significados utilizados para definir “projetar” têm relação com distâncias, no espaço ou no tempo. Assim, design é uma ação distante desse momento atual e do ponto de partida. Entende-se, portanto, que design apresenta conceitos de futuro.

A maioria dos objetos do nosso cotidiano, mesmo os mais inovadores e cobiçados, foi pensada e projetada há muitos anos.
Parece que a internet é uma inovação de apenas 15 anos e que, em tão pouco tempo, mudou tanto nossas vidas. No entanto, o que a maioria dos usuários não sabe é que a Web tem sido pensada e desenvolvida há muitos anos. Logo após a Segunda Grande Guerra, na década de 50, já havia esse desejo expresso por consumidores e empresários. Não havia ainda tecnologia economicamente viável, nesse caso, associada aos microcomputadores.
Em 1955, a Disney construiu a Tomorrowland (Terra do Amanhã) na Disneylândia. Nela, apresentou a “Casa do Futuro”. A ideia era apresentar como se imaginava o ano 2000 nos anos 50.
Na mesma época, a Frigidaire, cozinhas da General Motors, elaborou um filme intitulado Design para Sonhar, que se apoiava nas mesmas ideias e se materializou em ambientes projetados para esse fim. Com os poucos recursos de efeitos visuais que existiam na época, foi possível fazer o público acreditar que esse futuro seria possível.
Em 1957, em Paris, foi apresentada a Paris Exhibition of Future, uma visão do ano 2000. Hoje, é possível encontrar filmes na internet sobre esses eventos e verificar como muito do que temos hoje ou muito do que sonhamos ter foi pensado há mais de 60 anos.
As “senhoras do lar” dos anos 50 devem ter achado absurdos muitos dos objetos propostos naquele momento, como um computador que processa receitas e prepara alimentos sem a necessidade do esforço humano, ou armários de cozinha automatizados e dotados de contenedores com dosadores, que, com um simples toque nos vidros (touch screen), deslocavam-se até o usuário, sem necessidade de escadas e torcicolos; ou ainda escolher, encomendar e comprar produtos por um monitor de tevê (Web).
A pergunta de muitas dessas mulheres deve ter sido: "o que eu vou fazer da minha vida se minha cozinha fizer todo o meu serviço"? E algumas mais preocupadas devem ter pensado: "como vou arrumar um marido se não tiver que me dedicar ao lar"?
De fato, a pergunta era essa, mas a resposta que interessava não era delas, mas de suas filhas, que hoje estão com aproximadamente 40 anos e não querem passar a vida na cozinha, nem presas às tarefas do lar.
O mais importante nessa situação é entender que o design permite tornar o futuro possível e viável. A partir dos objetos, ambientes e serviços que são projetados, estamos possibilitando a todos a oportunidade de ver um futuro em comum.
As ideias que estavam na cabeça de cada um passam a ser compartilhadas em um exercício multidisciplinar, que permite que todos dêem sugestões e aprimorem os conceitos para torná-los concretos. Quanto melhor é o design desse futuro, maior a possibilidade de as pessoas acreditarem nele e se esforçarem para fazer parte do mesmo.
Design é isso: ajuda-nos a criar realidades que ainda não existem, mas que são possíveis de existir no futuro. Pode ser a reforma do interior de um apartamento, quando o design nos permite ver como será nossa vida num futuro próximo, em poucos meses – mas também nos ajuda a vislumbrar situações mais distantes, de 20 anos ou mais.
Empresas precisam investir em design, para estar constantemente preparadas para o futuro. Muita coisa pode acontecer e mudar o programado e o planejado, mas esse tipo de surpresa acontece com todos. São guerras, atentados terroristas, crises financeiras como esta que estamos vivendo.
As empresas devem perceber que alguns de seus produtos e serviços poderão desaparecer apenas estudando consumidores com hábitos já conhecidos e que serão maioria em breve. Se essa análise nos mostrar que a empresa terá dificuldades mantendo-se como está, o passo seguinte é começar a projetar mudanças, e a inserção de design pode ser uma delas.
Pensar o futuro, daqui a 20 anos, pode nos ajudar a conhecer esses novos produtos e serviços e verificar tendências de consumo através dos hábitos das pessoas de hoje e, dessa forma, ter tempo para desenvolvê-los. O design é multidisciplinar, com várias metodologias que permitem compreender o comportamento das pessoas hoje e criar e desenvolver novos produtos.
Pensar no futuro é prioritariamente acreditar nele, se entendemos que o design está focado no usuário, no ser humano. Então, obrigatoriamente, o foco principal do design é permitir sempre um futuro melhor para o ser humano.
Dessa forma, a inovação está diretamente associada à melhoria da qualidade de vida, ao alavancar a longevidade, promover a responsabilidade e servir a longo prazo. Portanto, design é inovação e a visão de um futuro melhor para todos.

Artigo originalmente publicado em Jovens Profissionais: os melhores do design de ambiente 2009

Design como sonho de consumo - Milão Design Week 2009



Design como sonho de consumo. A experiência da Milão Design Week 2009

Da crise a um futuro melhor

Visitar Milão durante a Semana de Design (I Saloni, Zona Tortona, as lojas e mostras entre outras coisas mais) é sempre bom, mesmo em tempos de “crise” mundial. Até porque a compreensão e dimensão dessa crise ainda são muito confusas. Dependendo do segmento ou do país, a avaliação muda totalmente.
Já houve momentos em que o mundo esteve com a economia a todo vapor, e o Brasil em crise. Mesmo assim, nossos empresários e profissionais do design se desdobraram para estar presentes, porque essa Semana serve como um termômetro de negócios. Neste ano, foram 280 mil visitantes de todo o mundo, com destaque para a Rússia, Alemanha e França.
De início, percebemos que as pessoas se sentiam melhor próximas dos locais dos eventos de design. Era possível, a todo o momento, vê-las sorrindo e felizes.
O design tem como característica nos fazer sentir bem. O bom design melhora a vida das pessoas no dia a dia, na utilização e fruição dos objetos. Muitas vezes, por funcionar bem, passa despercebido e não nos incomoda. Só esse fato é uma forma de bem-estar. Na escolha dos materiais, na vida útil, fabricação e descarte dos produtos também pode haver uma melhora da nossa qualidade de vida.
No entanto, de forma imperceptível, o design nos ajuda a pensar o futuro, mesmo quando não adquirimos esses objetos. O simples fato de parar frente a um bom objeto, bem-desenhado, nos estimula a ver o futuro. Quando desejamos um objeto, desejamos todos os conceitos que ele carrega. Quando desejamos uma bela espreguiçadeira para a varanda, desejamos também o tempo de descansar, a varanda com a maravilhosa vista da praia e assim por diante.
Os objetos que nos permitem pensar na melhoria da qualidade de vida, no bom humor, nas relações entre as pessoas, na utilização de materiais ecologicamente corretos nos possibilitam também ver um futuro melhor, mais humano e mais saudável. Assim, pensamos que o futuro poderá ser melhor que o hoje.
Dessa forma, a Semana de Design de Milão é um incentivo para acreditar que o mundo vai melhorar e que, consequentemente, os negócios também. É um incentivo que nos faz crer que é possível ser criativo e inovador, que é possível ser feliz. Isso vem ao encontro do que Peter Senge* apresenta como conceito de criar coletivamente um mundo sustentável: precisamos aprender a visualizar o mundo que queremos viver no futuro, e aqui design é uma disciplina fundamental.
A participação brasileira
Outro ponto importante foi verificar a quantidade de visitantes brasileiros, seguramente uma das maiores delegações. Empresários, fabricantes, lojistas e muitos profissionais – arquitetos e designers. Isso é o resultado do ano de 2008, já que muitos adquiriram as passagens antes de a crise chegar ao Brasil.
Tempos atrás, quando poucos visitávamos a feira, era possível "copiar mais". Agora que o conhecimento se difunde, é necessária uma concentração maior de todos na busca de soluções singulares e apropriadas ao nosso país. O Brasil pode deixar de ser um país de cópia, como já acontece com os destaques alcançados por Sérgio Rodrigues, pelos irmãos Campana e tantos outros produtos brasileiros que são cobiçados lá fora.
Cabe destacar que a bandeira brasileira era vendida na La Rinascente como produto de consumo e, segundo os vendedores da loja, era, com a americana, a mais vendida – por ocasião da recente eleição do presidente Obama. "Os caras" ajudam a vender a imagem do País.

As ações de marca
A Semana de Design ainda não tem o tumulto da Semana da Moda, mas já atrai uma quantidade de pessoas alheias ao mundo do design, o que, por momentos, deixa impraticável circular pelas lojas. Cada vez mais, o mundo do design como “sonho de consumo” se aproxima do mundo do entretenimento e do lazer. As pessoas saem para ver novos objetos e para se divertir. Certamente, isso não ocorre nos congressos e feiras de outras áreas.
Empresas se associam em busca de inovação em momentos de crise. Ações de co-branding deram um show de cases, principalmente nos dois segmentos que a cidade de Milão melhor representa: Moda e Design. A equipe de criação da Diesel (fotos 4 e 8) atuou com a Moroso e com a Foscarini para o lançamento de produtos focados no DNA da marca, no seu público-alvo e no rock. Não era difícil caminhar pelo quadrilátero da Moda e Design e encontrar uma loja de moda com um lançamento de design na vitrine preparado especialmente para a Semana do Design e com eventos paralelos, como coquetéis e performances. Isso demonstra que o conceito é de colaboração, e não de competição.
Independentemente do lançamentos de novos produtos, as marcas fortes fizeram ações de marca claras e bem-sucedidas. A Kartell (foto 2) marcou seus 60 anos de vida com um belo estande no tema “What a wonderful world”, mostrando seu produto no mundo globalizado e inserido nas culturas locais – e exibiu a qualidade tecnológica que atingiu no mobiliário, lançando também um calçado bailarina, o Glue Cinderela by Norma Luisa, de plástico em injeção em duas cores. Com bom humor e elegância, apresentou a imagem das princesas contemporâneas.
A Edra confiou no aquecimento do mercado de última hora e lançou quatro novos produtos em apenas seis meses: um armário, que segue a linha Brasília; um espelho; um novo sofá; e o armário “segreto” dos irmãos Campana, em que conceito e estética seguem a linha de trabalho dos designers.
A Moroso se apresentou num estande criado por Patrícia Urquiola e chamou a atenção com a nova tecnologia no sofá de Yoshioka Paper Cloud, que brinca com a imaginação humana sobre as nuvens e com imagens digitais impressas sobre tecido da equipe Front, que cria ilusões com o resultado formal distorcido pela imagem impressa no trabalho Moment, tanto num sofá quanto no tapete.
A Front Design é uma equipe de jovens mulheres da Suécia e foi um dos destaques gerais da Semana de Design. Além desse trabalho, vale a pena destacar o vaso aparentemente distorcido pelo vento para a Mooi. A equipe trabalha o conceito de aparências, em que as coisas nem sempre são exatamente o que parecem, fazendo estudos de formas, cores e tecidos: supersofisticados e de alta tecnologia. Outro bom exemplo de ações conjuntas foi o sofá modular de Ron Arad para a Moroso e o tapete para a Nanimarquina, melhor juntos que separados.


Os conceitos

Um papel importante das marcas e designers presentes é aproveitar a ocasião para fazer uma apresentação de conceitos. Esses objetos conceituais são mais importantes do que aqueles que se inserem no mercado rapidamente.
O papel deles não é ocupar uma demanda de mercado, mas propor uma nova demanda ou verificar reações frente a novos conceitos e, às vezes, novos paradigmas. Muitas vezes, a apresentação conceitual está além da compreensão popular, o que acarretará demora para sua inserção no mercado. Em outras, há uma compreensão popular de suas necessidades no mercado, mas não há cultura suficiente para a inserção do mesmo, que é mais ou menos o que acontece com os produtos ecologicamente corretos.
Como exemplo de reflexão conceitual, podemos citar os armários e contenedores. Há uma clara e necessária discussão sobre o papel deles no nosso cotidiano. São objetos que armazenam coisas que precisamos esconder – proposta Segreto dos Campana –, ou para guardar coisas que queremos mostrar e proteger – proposta Philippe Starck Ghost Buster para a Kartell? São grandes armários que poderiam desaparecer (como a cozinha de vidro 100% reciclável da Valcucine), para refletir outros objetos (Campana), ou para colocar as coisas no lugar certo (como tantos com compartimentos superdetalhados)? Independentemente do resultado formal, principalmente os objetos dos Campana e de Philippe Starck servem para nos fazer pensar.
A reflexão também se estabeleceu no uso interno e externo de alguns objetos. Philippe Starck lançou a linha OUT-IN para a Driade com a mesma estética com que já trabalhara a “Oscar Bom”, mas com novos materiais, construída em polietileno e alumínio anodizado, que permitem uso externo a essa nova cadeira. O encosto alto protege o usuário do vento de climas mais frescos.
A Extremis, da Bélgica, sempre preocupada com materiais ecologicamente corretos, também lançou um novo mobiliário componível KOSMOS, que permite o uso nos dois ambientes. No mundo do luxo, das grandes varandas e de iates, esses ambientes externo-internos são únicos.
Da mesma forma, a reflexão sobre a fabricação de produtos com alta tecnologia ou executados com mãos altamente qualificadas reacende o mercado.
Ambos envolvem questões sociais de empregabilidade e educação. De um lado, vimos esta discussão de utilização de alta tecnologia na Euroluce, representada pela Artemide, Flos e Foscarini; do outro lado, a mão de obra nas costuras dos produtos da Poltrona Frau, Vitra e Capellini, e que podemos exemplificar no trabalho de Paola Lenti, que faz de sua produção um manifesto à utilização da mão humana – este ano, num espaço privilegiado no térreo do belíssimo hotel Palacio delle Stelinne.

1 Peter Senge, The Necessary Revolution, Ed. Doubleday, 2008. Professor e pesquisador do MIT- USA.

Artigo originalmente publicado em Jovens Profissionais: os melhores do design de ambientes 2009

Novos tempos, novos espaços a emoção aliada à qualidade de vida. Abitare il tempo 2008



A atmosfera envolvente dos objetos que nos rodeiam e que tornam nosso dia-a-dia mais prazeroso faz do design de ambientes uma disciplina que pensa o futuro das relações humanas em ambientes construídos. Pensar espaços habitados é, indiscutivelmente, pensar em ambientes de emoções.
Nesse sentido mais amplo e reflexivo, da importância de pensar o papel desses espaços mobiliados e decorados para o ser humano, nascem inúmeros eventos e congressos pelo mundo. Quando desenvolvemos ações desse tipo, que promovem jovens profissionais, ajudamos a promover o futuro.
Uma coisa é comprar móveis: um sofá ou uma mesa. Outra coisa é pensar como será o comportamento da família nos próximos cinco ou dez anos. Em que ambientes irão conviver? Que novos espaços serão habitados no mundo?
Muitos lugares considerados inóspitos poucos anos atrás são hoje atrações turísticas, com hotéis de alta qualidade e espaços singulares.
Não se trata, portanto, de estimular o consumo de objetos, mas de qualificar a relação com esses objetos, de explorar aquilo que torna realmente diferentes a nossa inteligência e os nossos sentimentos como seres humanos.
Para quem quer conhecer mais sobre esses conceitos, vale a pena uma viagem a Verona: Abitare il tempo.
É uma feira com tais características, que apresenta o mobiliário e a decoração, o design e a arquitetura na atmosfera de uma cidade belíssima, que preserva uma história viva e a céu aberto. Ali, emoção e reflexão andam juntas.
Este ano promete o mesmo sucesso das edições anteriores, que agregam valores humanos a essa visita técnica, científica e cultural. Será um turbilhão de idéias que espetam direto o nosso coração como diz o slogan: “Puntiamo al cuore”.
Um dos espaços se chamará Linking people: um novo espaço para a hospitalidade. No Linking people, pretende-se promover originalidade, inovação e criatividade com sugestões em que ambientes cenográficos permitam a imersão nessa história de hospitalidade.
Duas dicas são o Sumhuram 16, que é uma embarcação projetada por Francesco Pazkowski, e Under the sea, de Maurizio Favetta o espaço de um hotel próximo ao mar, com atmosfera submarina. Under the sea antecipa o espaço de um hotel que será realizado no litoral do Adriático.
Mais informações para quem quiser visitar a feira: alvaromais@hotmail.com

Artigo originalmente publicado em Jovens Profissionais: Design de Interiores, 2008

Design de ambientes e o desenvolvimento da cultura humana



Há mais de 45 mil anos, os primatas que habitavam a
Terra eram nômades, caminhando constantemente em
busca de alimentos

Desde que o Homo sapiens sapiens deixou de ser nômade para se fixar em locais apropriados, cavernas no inverno e cabanas, no verão , o ser humano começou a desenvolver uma característica especial que faz parte de seu DNA: construir abrigos para se sentir bem nessas circunstâncias.
Essa busca pelo espaço ideal não é frescura, nem supérflua. É biológica e faz parte do desenvolvimento da cultura humana. Talvez seja um dos fatores principais para o estabelecimento de outras ordens criadas ao longo da história, como viver em comunidade, casar-se, aceitar um Estado de direito, entre outras.
Por muito tempo, o homem dedicou-se a organizar esse espaço da melhor maneira que entendia, pois a noção deste partia de si mesmo e da natureza ao redor, conforme o local, a região e as circunstâncias.
Milhares de anos se passaram, e entendemos que habitar bem é uma questão de qualidade de vida e de sobrevivên-cia. Podemos melhorar e prolongar nossa vida neste planeta à medida que melhoramos nosso habitat.
Principalmente a partir da metade do século XX, aprendemos que não é apenas o corpo que merece des-canso, mas também nosso cérebro e nossos sentimentos. Ter um bom espaço para viver é saber que estamos aproveitando o tempo que temos de vida o tempo de vida que dedicamos no ambiente de trabalho, nos ambientes públicos, em casa e no ambiente de descanso.
Portanto, até os primatas sabiam que o descanso em um lugar seguro era o fator principal para “recuperar as energias” e enfrentar um novo dia.

Depois de todo esse tempo e, principalmente, pela com-plexidade do nosso cotidiano, propiciar essa qualidade aos ambientes não é tarefa fácil. Escolher o ambiente adequado já é o primeiro obstáculo, pois soma-se o valor financeiro en-volvido no investimento.
Geralmente, temos de escolher um ambiente que nos atenda hoje e por vários anos à frente, razão pela qual deve-mos conhecer o mínimo desse futuro. Por isso é que surgem profissionais preparados para essa tarefa: arquitetos e designers de interiores.
Alguns exemplos nos ajudam a entender isso. Quinze anos atrás, não havia internet. Muitos compraram seus lares sem imaginar ter em casa uma conexão para a rede mundial. Outros adquiriam seus imóveis há oito anos sem essa conexão só que, naquele momento, já se previa que hoje seria impossível viver sem e-mail e Web.
Aqueles que não programaram seus lares para essa situação os estão reformando para adaptá-los, ou, que é pior, por falta de visão e planejamento, estão sem orça-mento familiar e apenas instalando os equipamentos de forma rudimentar, com fios soltos e mal fixados, o que faz perder toda a qualidade de vida que mencionamos ser necessária para nossa sobrevivência.
O mesmo aconteceu com a televisão a cabo, e, atualmente, acontece com a transmissão de televisão digital. Agora, junte tudo e tente passar todos esses fios pelo mesmo conduíte fino do telefone. Impossível!

A princípio, arquitetos e designers parecem ser um “gasto” a mais. Isso ocorre por vários motivos. Um deles é a carga histórico-cultural que temos, de nós mesmos adaptarmos o espaço a partir de nós mas isso seria pensar como primatas.
Outro fator é que também nos faz bem decorar nosso ambiente. “Se buscamos o prazer, então, vamos decorá-los nós mesmos!”. O problema é que, quando erramos, o prazer fica apenas no momento da compra, e o desgosto perdurará por todo o tempo do uso.
Um bom profissional sabe disso. Hoje, qualquer ação é, no mínimo, multidisciplinar. O profissional não trabalha sozinho: trabalhará com o cliente.
É como se os pais quisessem decorar o quarto para o adolescente sem a participação dele. Não há como. Ele escolhe seus amigos, sua roupa e saberá escolher seu ambiente. Sozinho? Não, com a orientação de um profissional e a participação de todos na família. Dessa forma, todos os moradores se unem em torno de um ideal: a sobrevivência do grupo, que, por muitos momentos, será também prazerosa.
Imagine o tempo de sua vida que você dedica para si e pa-ra estar com a família e os amigos. Provavelmente, pouco. Muitas das horas que passamos em casa são dedicadas à higiene e ao descanso. Você dorme em média oito horas por dia, e muitos se esquecem de que passam oito horas no mesmo ambiente, dormindo. Deixam a decoração do quarto para depois; outros, para nunca.
Iluminação natural e artificial, ventilação, temperatura ambiente, quantidade de ruído, as cores das paredes, os materiais escolhidos, enfim, tudo pode interferir numa boa noite de sono. Você não percebe, pois está dormindo. Só no dia seguinte seu corpo reclama.
Essas escolhas não devem ser feitas por gosto. São escolhas técnicas. Os profissionais da área devem estar preparados para fazer essa seleção da maneira mais adequada a cada indivíduo.
Em um futuro breve, novas tecnologias conviverão conosco, muitas das quais já estão à disposição.
Por desconhecimento, temos equipamentos que não aproveitamos em toda a sua potencialidade.
A utilização das novas tecnologias não é um luxo material, é um luxo para a alma, é o que nos anima. Ouvir uma boa música, coerente com a iluminação, ou ver um bom filme sem ter de sentar de lado, ou até mesmo reconhecer qua-lidades programadas serão tecnologias que estarão em nossos ambientes.
Esses equipamentos tendem a nos permitir explorar ao má-ximo o pouco tempo que temos, a fim de aproveitar nossa vida da forma que acharmos mais conveniente. Logica-mente, no tempo em que o homem vivia da luz natural, as cortinas e janelas não tinham a mesma função de hoje, quando nos permitem adequar a luz ao nosso interesse.
De algumas situações, já temos informação. Falta-nos a consciência necessária para que todos possamos nos envolver a fim de que o futuro seja melhor que o previsto. A falta de água e energia nos obrigará a rever, de forma drástica nossos ambientes e a maneira pela qual os habitamos.
A escolha de cada item de nossas moradias deverá passar por esse filtro, da fábrica, passando pela loja e pelo profissional e chegando ao consumidor. Deverão ser escolhas conscientes, pensando nesse futuro. Para isso, é importante saber a procedência da matéria-prima, saber como será o descarte, a durabilidade do material, etc.
Pense bastante antes de adquirir. Em breve, você terá vergonha de ostentar objetos e produtos que não sejam coerentes com esses conceitos. Sustentabilidade é pensar que fizemos todo o possível para contribuir para um futuro melhor para nossos filhos.
Aquele primata que se fixou e criou o conceito de habitar diferenciou-se dos demais por saber que transmitir informação de geração em geração é importante para o progresso, que é o que nos diferencia dos animais e nos faz sobreviver.

Artigo publicado originalmente em Jovens Profissionais: Design de interiores, 2008

Estratégias de Marcas para o mercado de Design de Interiores



Empresas do mercado de design devem investir em ações de marca

Uma das características deste segmento é que os indivíduos tentam cada vez mais personalizar seus ambientes. Mesmo que, aparentemente, o modo de vida seja muito similar para todos, ninguém gosta de entrar na própria casa e parecer que entrou na casa do outro.

Inúmeros estudos sobre hotelaria mostram que turistas, principalmente os que viajam a negócios, não se sentem bem quando mudam de cidades e de hotéis e não reconhecem as diferenças entre os ambientes.

Mesmo que todas as famílias tenham salas com sofás e poltronas, estes deverão se diferenciar o suficiente para permitir que cada família tenha sua identidade refletida no ambiente.

Aqui, começa uma das primeiras ações das empresas que trabalham para este segmento: definir produtos e serviços claros para que especificadores e consumidores reconheçam os valores da empresa. É o início de uma ação de marca. Não adianta copiar o concorrente pois, a cada etapa, mais parecidas as cópias se tornarão e as escolhas serão baseadas apenas em preço e qualidade.

O importante é diferenciar-se, buscando o que a empresa tem de melhor a ofere-cer, aquilo que faz parte da história e que faz a identidade. Dessa forma, o mercado reconhecerá esses valores e saberá que são da empresa. Isso é uma marca.

Outro ponto importante para lembrar é que são produtos e serviços voltados ao ser humano. Não se vende um sofá, mas um modo de sentar; não se vendem colchões, mas o descanso necessário de todo indivíduo. Isso significa que os valores estão muito além do produto. Nesse contexto, em que as identidades e as relações mais humanizadas ganham valor, as marcas são o ponto-chave para estratégias de sobrevivência das empresas.

Muitas empresas desenvolvem ações de design apenas lançando novos pro-dutos. Isso incentiva uma corrida contínua por inovação, trazendo, para o usuário, inúmeros objetos novos a todo momento, muitos dos quais são totalmente desconhecidos e podem mudar totalmente sua maneira de viver. O importante é associar o produto ou serviço à empresa, de tal modo que o usuário possa se identificar e, conseqüentemente, memorizar ou, no mínimo, reconhecer a marca.

É muito comum que os consumidores percorram inúmeros pontos comerciais antes de decidir pela compra, e é igualmente comum perceber que, após algumas visitas, eles não lembram mais onde viram o quê.

As marcas devem propiciar uma experiência única e singular, motivo pelo qual essa experiência deve ser muito bem planejada. Por isso, o planejamento estratégico de marca passa hoje por três pontos focais: a humanização, o design e os ambientes. Essa experiência deve ocorrer no contato do usuário com a marca e ao longo de seu tempo de uso. Toda vez que ele usufruir de seu ambiente e isso lhe der prazer, deverá lembrar-se de sua marca e não quando tiver problemas.

Isso obriga as empresas deste segmento a pensar a longo prazo, já que são aquisições para usos longos. É necessário pensar no futuro: esses consumidores desejam atender suas necessidades atuais, mas, a médio prazo, terão de adaptar seus ambientes a novas mudanças que a contemporaneidade impõe.

As estratégias de marca devem ser definidas conforme essas identidades: o que serve para uma empresa pode não se aplicar a outra.

Estratégias de design de marcas ajudam a pensar e preparar sempre o futuro, contribuindo para planejar esses cenários. O importante é que os clientes confiem e acreditem nesses cenários futuros e que se identifiquem com eles, pois aí estarão aceitando a marca.

Artigo originalmente publicado em Jovens Profissionais: Design de Interiores, 2008