Coexistência e Mudanças
Tenho amigos em quase todos os Estados do Brasil, mas estou triste.
Visitei, trabalhei, lecionei e dei palestras em inúmeras cidades do Brasil, sempre fui muito bem recebido, com muita expectativa, simpatia e cordialidade.
Recebi, e ainda recebo, inúmeras pessoas vindas de diferentes lugares do Brasil e do Mundo, e todos elogiam o carinho, a atenção e a simpatia com que são recebidos na minha cidade e no Brasil.
Isto faz parte de nosso jeito brasileiro de ser.
É parte daquilo nos dá unidade, este jeito de ser e a nossa língua com os mais diversos sotaques, cantos, e qualidades regionais. A língua é minha pátria, Caetano traz Pessoa a um país que quase não tem limites geográficos com seus vizinhos.
Esse respeito ao multicultural e o respeito às diferenças, é brasileiro.
Daí a miscigenação de raças de gente tão bonita, e a transculturalidade que permite o novo, e se faz possível aqui no Brasil.
Acabei de ouvir o Lenine, Alceu Valença e Suassuna falar sobre o frevo, que é isso, é novo a partir de outros.
Mas estou triste, porque estamos perdendo o respeito, e com isso a felicidade que andava estampada nos rostos.
Se pedem mudanças, quais?
Se a mudança exige perder o respeito sobre o outro, não é o país que gostaria de viver.
Por isso escolhi viver aqui, porque aqui todos somos brasileiros.
Sou utópico, como Galeano propõe, pelo menos acreditamos que podemos caminhar e sair do lugar.
A utopia nos move!
Quidiabéisso?
É acreditar que podemos melhorar.
Imagino que Lennon tinha razão, não é tão difícil viver sem fronteira geopolítica.
Muito menos dentro de nosso País! né não?
Afinal qualquer Gurí sabe que do outro lado são gaúchos também, mas falam castelhano, tche!
Não posso pedir aos meus amigos que parem com estas ofensas mútuas, sem coerência e que são incentivadas por grupos interessados no poder. Não no Brasil!
Mas estou ficando muito Arretado! porque esta rede não dá tempo de cutucar, e outro já responde com ofensa pior.
Sei que vivo numa Paulicéia desvairada, mas permite que Flávio vista saiote, e deu chance ao novo e à modernidade! Não do cinema de Glauber, nem da Bossa de Jobim, brasileiro no nome. Mas fizemos de 3 dias uma semana moderna.
Se esse é nosso jeito, porque não?
Entendo que a sofisticação de Djavan é compreensível na visualização das cores do oceano que banha suas praias, ou quando percebe o traço do arquiteto em Brasília. Gosto dela tanto assim.
Entendo a vida e a morte de Severina, e dos que se retiram de qualquer lugar, todos sofrem. Mas estes acreditam, por isso caminham. É uma Saga pelas semelhanças.
Afinal quando nos dividimos entre Vermelho ou Azul fazemos uma das melhores festas do Mundo, na pequena Parintins. Torcer pelo Azul ou pelo Vermelho deveria ser uma festa, não uma ofensa.
Vou encurtar a prosa: O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar.
Devemos exigir mudanças. Quero acreditar que as haverá. Só Não podemos mudar essa qualidade que temos chamada Coexistência.
Alvaro Guillermo
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A foto que ilustra é minha feita no Recanto Mamulengo em Recife 10/10/14
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