Uma das coisas que mais me chamou a atenção é que o livro está na lista de mais vendidos do The New York Times, com mais de 1 milhão de livros vendidos. É muito bom quando vemos livros que atingem esse patamar principalmente de cientistas ou filósofos. Neste caso de um cientista: Peter Wohlleben,engenheiro florestal e divulgador científico alemão, conhecido por suas obras populares sobre temas ecológicos.
Este é um livro que abre a mente para o conceito de ecologia, da vida (bio) e também de sustentabilidade, principalmente quando passamos a pensar na extensão da vida e na noção do tempo. Em comparação à vida humana, em média, as árvores vivem até 10 vezes mais, o que reforça a ideia que plantar árvores e/ou preservar as existentes amplia a consciência de nossa relação com as gerações futuras, já que são essas que irão conviver com árvores adultas, de mais de cem anos de vida. Eu que tenho escrito bastante sobre o Slow e longevidade, principalmente Slow design, o ritmo da natureza e das árvores em especial nos ensina muito.
Aliás, a educação familiar é uma das felizes descobertas que a leitura me trouxe.
“Uma boa educação é garantia de uma vida longa, mas às vezes a paciência das mudas se esgota.”Wohlleben pág. 37.
Se entendermos que esse aprendizado se dá através da seleção e transmissão de informações entre as árvores é possível passar a acreditar que estas informações podem ser repassadas através de suas raízes que mantém contato no subsolo com outras árvores da família, ou não, e com milhares de seres vivos que ali habitam (especialmente fungos) e que são invisíveis para nós, motivo pelo qual nem paramos para pensar em sua existência, como o próprio autor cita temos mais conhecimento sobre o espaço e a superfície lunar, do que os nossos subsolos ou fundo dos oceanos.
Esta de rede de conexões que se dá pelas raízes está sendo estudada pela ciência com mais profundidade.
“ciência já fala da existência de uma 'wood wide web" que permeia as florestas. As pesquisas sobre quais e quantas informações são trocadas ainda estão no início. O que já se sabe é que os fungos seguem uma estratégia, calcada na intermediação e no equilíbrio, que às vezes põe em contato diferentes espécies de árvores, mesmo que sejam concorrentes.”pág. 16.
O texto é simples e acessível o que incentiva a leitura, principalmente a humildade do autor ao citar seus erros e de outros cientistas, não delegando o fardo das extinções apenas aos exploradores de florestas. Apesar de ter dedicado sua carreira na floresta da Alemanha, e por isso os exemplos se baseiam em dados desta floresta, tem citação ao Brasil, expandindo o conceito ecológico a uma consciência planetária, mais obvia agora com esta rede de conexões e informações.
“Também descobriram que o processo inteiro é interrompido quando as florestas costeiras são desmatadas. É como se alguém removesse os tubos de sucção de
água de uma bomba elétrica. No Brasil, as consequências já começaram a surgir: o nível de umidade da Floresta Amazônica está cada vez mais baixo. A Europa Central, a cerca de 600 quilômetros da costa, ainda faz parte da área de alcance da bomba de
sucção, e felizmente ainda existem florestas na região, apesar de sua área já ter diminuído bastante.”pág. 98.
Leitura imprescindível, para arquitetos, designers e paisagistas, e para todos aqueles que moram um algum país que tenha sua origem em árvores, como por acaso o Brasil, Terra Brasilis, terra dos Pau-Brasil, ou a árvores em brasa, queimando vermelhas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário