Semana de design de Milão comemora seus 50 anos de vida.
artigo publicado na Revista Marketing de maio 2011
A semana de design de Milão oferece tantos eventos que é impossível visitar todos, são tantos produtos apresentados que olhar, escolher, interpretar, filtrar, é uma tarefa que necessita de disciplina e metodologia. Só a feira chamada de “I Saloni” (os salões) são 10 pavilhões, este ano com: Móveis (design, complemento, contemporâneo e clássico), Eurolucce (iluminação) que acontece a cada dois anos, Ufficio (escritórios) que ocorre também a cada dois anos, mas havia três que não ocorria, e o Salone Sattelite que apresenta jovens e universidades. Este ano a feira comemorou 50 anos, ainda jovem, como dizia seu logo. Para nós, Brasil, super importante, pois em 1961 no seu inicio o Jovem Sérgio Rodrigues ganhou o concurso com a “poltrona Mole”. Havia neste prêmio, justo diga-se de passagem, um olhar ao jeito de ser brasileiro, a cadeira é fantástica, mas o jeito que o Sérgio sentou nela para a foto denunciava esta brasilidade.
Fora feira tem a zona Tortona que a cada ano cresce mais, são galpões com marcas consagradas e iniciantes que podem especular e experimentar mais que na feira, que é mais voltada a negócios. Na região do centro conhecida como o quadrilátero de ouro, as lojas ficam abertas em horários diferentes com muitos meetings e coquetéis. Todos mostram design, as lojas de moda e restaurantes se juntam ao evento. Este ano na Duomo bem enfrente à catedral no Palazo Affari, esteve a Brasil S.A. um evento totalmente brasileiro, no qual a cidade de São Paulo esteve presente numa exposição da qual fui curador “Bandeiras de São Paulo”, um oferecimento da Alameda Gabriel a rua do Design no Brasil, patrocinada por Arthur Decor, Breton Actual, Saccaro e Segatto. A região de Brera é outro espetáculo, conhecida pela boemia dos artistas desde 1500, tem concentrado um grande numero de lojas que somado aos bares e restaurantes a transformam num passeio único. E ainda a Triennale com várias exposições, das quais merece destaque a Mostra de Karim Rashid e dos irmãos Campana.
50 anos depois, com experiência na visita, e com muitos amigos acompanhantes (lojistas, empresários, arquitetos, designers, estudantes e professores) que me ajudaram a formar opinião, posso afirmar que é a vez do Brasil.
Foi o maior número de brasileiros na história a visitar a feira, o interesse dos estrangeiros por nós foi incomparável nas minhas visitas que as faço há mais de 20 anos. Os países de primeiro mundo ainda sentem a crise econômica, e parece que nós continuamos desperdiçando o momento. Foi evidente que as empresas que investiram em design tiveram presença marcante, e ficou claro,mais uma vez, que design não tem a ver com o “caro”, nem com materialidade, muito menos com extravagância, uma poltrona bem desenhada com uma instalação bem projetada é o suficiente para torná-la em sucesso como o caso da poltrona Moon de Tokujin Yoshioka para a Moroso.
Apresento a seguir alguns objetos, instalações, exposições e momentos que marcaram este aniversário de uma semana que transforma toda a cidade de Milão e mobiliza vários países, como nós, que já temos a semana no calendário brasileiro de design.
Nenhum comentário:
Postar um comentário