Branding: design e estratégias de marcas
Alvaro Guillermo
No mundo contemporâneo de mercados globalizados e novas tecnologias da informação –principalmente, as digitais–, as relações com os produtos sofreram alterações consistentes, e a desmaterialização dos objetos intensifica a importância do papel que a marca passa a exercer. Nesse novo contexto histórico, em que as identidades e as relações mais humanizadas ganham valor, as marcas serão o ponto-chave para estratégias de sobrevivência das empresas. De certa maneira, é simples perceber que a convivência com a chamada alta tecnologia afeta necessidades simples e intrínsecas ao ser humano como, por exemplo, o lidar com nossas emoções. Também é simples perceber que, a cada dia, a qualidade e o preço de produtos similares ficam cada vez mais próximos. Dessa forma, em diversas empresas, acompanhamos ações de design de produtos como estratégias pontuais para estabelecer uma diferenciação frente à concorrência. Isso também incentiva uma corrida frenética por inovação, trazendo, para o usuário, inúmeros objetos novos, totalmente desconhecidos, que podem mudar sua maneira de viver. O ponto-chave está em relacionar o produto ou serviço de tal modo que o usuário possa se identificar e, conseqüentemente, memorizar –ou, no mínimo, reconhecer– a marca. Isso acontecerá no exato e breve momento do contato, quando o usuário terá uma experiência única e singular, motivo pelo qual essa experiência deve ser muito bem planejada. Por isso, o planejamento estratégico de marca passa hoje por três pontos focais: a humanização, o design e os ambientes. Humanização – Passamos por vários momentos recentes da história em que valorizamos, em especial, as máquinas. Elas eram o ponto central de nossas vidas (era do hardware ). Mais recentemente, com o advento da informática e da tecnologia digital, os programas passaram a dominar nossas ações (era do software ), e, diante desse panorama, acreditamos que, a partir de agora, devemos centrar o foco de nossas ações no ser humano ( humanware ). A humanização das marcas diz respeito à necessidade de compreender e gerar ligações emocionais entre elas e os usuários. As marcas devem expandir seu universo sensorial e inteligente, dar importância a todos os sentidos. Não se trata de abandonar a visão, mas de implementar novos meios para que os outros sentidos também sejam atendidos. Trata-se também de entender bem os desejos e os anseios que os usuários não conseguem expressar com exatidão e que as pesquisas, na maioria, não demonstram –o que nos leva a buscar novas formas de pesquisá-los. As marcas também devem trabalhar com conceitos coerentes com sua identidade –e estes devem ser simples, objetivos e coesos. Definir o conceito antes de definir as estratégias de marca é pré-conceito. Humanização das marcas diz respeito também a reconhecer e compreender as múltiplas inteligências (GARDNER, 1995).
Cada ser humano tem uma forma especial de compreender o mundo e de processar a informação que recebe. Portanto, as marcas não devem escolher meios únicos, padronizados, de se conectar com o usuário. Não estamos medindo quantidade de inteligência, mas qualidades –e, principalmente, não estamos estimulando o uso de inteligência para acertar, mas para incentivar estudos de erro. Errar bastante enquanto se projeta e se planeja. Design – Ações de marcas são investimentos, são ações de futuro, são ações culturais, que têm o tempo certo de plantar, regar e colher –e perceber os erros nos permite corrigi-los e estender a duração dessas ações. Aqui, entramos em um novo tópico: visão de futuro. O importante é preparar-se para as mudanças que estão sendo projetadas e que, de alguma forma, a sociedade aguarda ou deseja. As marcas devem evitar surpresas. Surpresas não podem acontecer só com nossa marca. Se todos no mercado estão se preparando para mudanças e novidades, as marcas devem estar atentas para seguir ou não essas mudanças, mas conscientes delas. Aqui, o design estratégico ganha espaço, pois o tempo do design é o futuro. Design é uma disciplina que permite tornar visível o que até agora não existe em nossa realidade. É uma disciplina que permite estudar e preparar novas realidades, compreender e estabelecer metas e possíveis caminhos a empreender para esse futuro desejado. Se o futuro é de constantes inovações, devemos atualizar constantemente as estratégias, revendo, reanalisando e redesenhando esse futuro. Isso mantém as marcas vivas. Os ambientes – Finalmente, é importante destacar que essas experiências que as marcas devem proporcionar –muitas vezes, singulares–, não podem acontecer apenas ao acaso. Isso nos obriga a pensar espaços especialmente preparados para analisar e estudar os contatos entre a marca e os usuários. As marcas têm de pensar em ambientes comerciais próprios para esse fim, têm de pensar em espaços exclusivos para a apresentação da marca, ou brand spaces. Não são espaços para vender produtos, mas para propiciar uma experiência de marca. A maior parte das lojas tem seus ambientes comerciais focados na venda de produtos, e não na de marca. Por isso, a maioria não é lembrada. Para encerrar, cabe destacar que cada marca deve ter sua identidade muito bem definida, o que a tornará única. Dessa forma, as estratégias de marca devem ser definidas conforme essas identidades: o que serve para uma pode não se aplicar a outra. Talvez, o único conselho que possa ser indicado a todas, sem exceção, é estimular estratégias de design , pois isso as ajudará a pensar e preparar sempre o futuro.
Fonte: Portal HSM On-line 31/10/2007
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Olá Álvaro, preciso muito falar com você à respeito deste livro.
ResponderExcluirNão encontrei nenhum e-mail de contato aqui no blog, se puder me retornar ficarei grata.
Obrigada...
Meu email está no perfil, aguardo seu contato.
ResponderExcluirObrigado pelo interesse