Com o tempo, as cores “desbotam”, perdem sua intensidade, e a incidência do sol faz algumas cores desaparecem por completo. O que aprendemos com isso? Que as cores também contam histórias de vida. Nós nos acostumamos, equivocadamente, a pintar constantemente nossas vidas e a encobrir, assim, as marcas do tempo. A filosofia zen-budista Wabi-sabi mostra-nos que as marcas do tempo não precisam ser apagadas. Rugas, fissuras, materiais desgastados, enferrujados e nossos cabelos brancos são importantes para nos mostrar o tempo de vida.
Essa filosofia tem como princípio enaltecer as marcas do tempo, mesmo que nos traga recordações tristes – e estas são importantes, pois fizeram parte de nossas vidas. Nessa filosofia, quando um vaso se quebra é reparado com uma liga de ouro. Dessa forma, preservamos o objeto, destacamos as áreas quebradas que passam a ser mais valorizadas pelo ouro.
Nessa filosofia, Irene encontrou sustentação para as ideias que a vida a ajudou a encontrar: nos vasos quebrados pelo caminho, nas marcas que surgiram nos tecidos. Assim, assumiu seus cabelos brancos, suas rugas, suas recordações felizes e amargas e começou a organizá-las.
Deixa muitas marcas, coloriu muitas vidas e nos deixa a obrigação da continuidade, de continuar a colorir nossa cidade, nosso país, nossas vidas.
Eu farei isso, e sei que muitos amigos virão juntos.
Allons de l'avant colorer la vie...
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