quinta-feira, 6 de outubro de 2011

50 tendências para os próximos 50 anos

Para comemorar 50 anos a Revista Claudia (Outubro 2011) preparou uma edição especial. Fui consultado na matéria 50 tendências para os próximos 50 anos, tecendo impressões sobre o futuro:
As casas terão plantas individualizadas(17), as geladeiras serão sustentáveis(18), o celular vai comandar a casa (19), mobilidade urbana e veículos públicos (20), e 46. "As futuras gerações deixarão de ter como referência a agilidade da máquina e se voltarão para um tempo mais humano, menos frenético", acredita Alvaro Guillermo, diretor da agência de estratégias criativas Mais Grupo, em São Paulo. Espero que gostem, foi um papo delicioso com Tatiana Bonumá uma das jornalistas responsáveis pela matéria.


 Revista Casa Claudia LUXO 50 anos – Outubro 2011

Quando CLAUDIA nasceu, não havia telefone celular, prótese de silicone, mulher na Presidência da Republica. As décadas à frente prometem mais revoluções que vão afetar a vida das mulheres. Embarque nesta viagem, conduzida por estudiosos do comportamento feminino, experts em tendências e especialistas em beleza, saúde, moda, consumo...

Tatiana Bonumá, Daniela Folloni e Sibelle Pedral

50 tendências para os próximos 50 anos

1. As mulheres não deixarão de trabalhar fora de casa, mas adequação o ambiente profissional ao feminino. "Esquemas como home office se tornarão uma realidade cada vez mais presente, e as empresas terão que se adaptar", afirma a cientista social Celia Belem, da consultoria Arquitetura do Conhecimento, em São Paulo.

2. Teremos um novo tipo de anfitriã, que abrirá as portas da casa para realizar ali aulas de ioga, degustação de vinho... "Essa mulher quer fazer com que os amigos virtuais virem amigos reais. Deseja ampliar seu repertório cultural, sair do seu mundo", diz Cynthia de Almeida, consultora do Movimento Habla, área do Grupo Abril que estuda o comportamento feminino.

3. Se as mulheres de classe A tradicionalmente ditavam as tendências de consumo, de forma vertical, já estão perdendo o reinado para as de classe C. Isso ficará mais forte nos próximos anos, segundo Celia Belem. "Há um maravilhamento com o que elas conseguem fazer com o dinheiro. Combatem o desperdício, preocupam-se em poupar e têm um lema ótimo: 'A gente não precisa comprar coisas caras o tempo todo'."

4. As meninas de hoje serão, amanhã, mulheres que cuidarão da natureza praticamente no piloto automático. As crianças estão levando os conceitos de sustentabilidade para casa.

5. Para Celia Belem, homens e mulheres vivem o pior momento da relação entre os sexos - e, "por inércia", segundo ela, esse relacionamento só tende a melhorar nas próximas décadas. "Temos um mundo de mulheres fortes e homens fracos, fingindo comportamentos politicamente corretos. Minha esperança vem justamente dessa tensão, que chegou ao ponto máximo."

6. Os próximos anos serão marcados pelo resgate da privacidade exposta nas redes sociais. "A mulher vai passar a usar a internet mais profissionalmente do que pessoalmente. Ela estará mais interessada em postar seus projetos do que o churrasco do fim de semana em casa", diz Cynthia de Almeida.

7. Segundo o mapeamento do Movimento Habla, a mulher vai se dar ao luxo de não assumir certas responsabilidades, aliviando um pouco o peso que ficou sobre suas costas. E não se sentirá diminuída com o fato de o marido ser o provedor da casa. Pelo contrario, poderá gostar disso.

8. A opção de não ter filhos deixará de ser vista como condenável. Mais mulheres vão pular essa etapa ou adiá-Ia. Elas darão vazão ao instinto maternal "emprestando" o filho da irmã, da amiga... Teremos uma geração de "tias" assumidas.

9. O desafio de aumentar a participação política das mulheres continuará. "A Lei de Cotas exige dos partidos que 30% de seus candidatos sejam do sexo em minoria (no caso, o feminino). Mas isso não é suficiente para garantir a eleição delas", afirma Silvia Pimentel, do Comitê Cedaw, órgão da ONU pela eliminação da discriminação das mulheres. Para chegar ao poder, a ala feminina precisa de espaço para divulgar suas ideias e receber investimentos dos partidos.

10. Agências de turismo do mundo inteiro apontam a tendência de as mulheres tirarem férias conjugais. Mas viajar sozinha não será sinal de crise no casamento. As solo travellers dispensarão a companhia do marido, por exemplo, quando a data das férias não coincidir ou os planos de viagem divergirem.

11. As mulheres maduras serão exemplo e inspiração para as mais jovens, que vão considerá-Ias experientes e com ensinamentos a transmitir. A supervalorização da juventude tão marcante na nossa cultura começa a ceder lugar ao encanto da sabedoria.

12. Não haverá limites estanques no comportamento sexual feminino. Mesmo se declarando heterossexual, a mulher se permitirá ter experiências com outras mulheres por curiosidade ou para satisfazer um desejo momentâneo. Haverá maior naturalidade para tratar do que hoje é considerado um tabu.

13. Com a autoconfiança em alta, resultado do sucesso profissional e da conquista da liberdade, a mulher voltará a valorizar o sexto sentido. Segundo o Movimento Habla, ela vai usar a intuição até para resolver questões no trabalho.

14. O conceito de família será norteado pela qualidade e integridade do vínculo, e não pelo grau de parentesco. Ela não será necessariamente constituída apenas por pai, mãe e irmãos, mas, provavelmente, por amigos e parentes com os quais se consiga estabelecer uma relação sólida e duradoura.

15. As mães, no papel de agregadoras da família, estarão preocupadas em neutralizar o isolamento causado por iPads, joguinhos, celulares, redes sociais ... Uma tendência apontada pelo Habla é que elas vão procurar recuperar brincadeiras offline e objetos lúdicos no dia a dia com os filhos.

16. As televisões serão mais finas, leves, flexíveis. Como camadas de filme plástico, poderão ser acopladas ao notebook, tablet ou celular.

17. As casas terão plantas individualizadas, norteadas pelo estilo de vida de sua dona. Não será nada exótico ter um apartamento sem cozinha ou lavanderia, por exemplo, mas com ateliê de costura, academia de pilates ou sala de brinquedos.

18. As geladeiras serão sustentáveis e "cooperativas". Haverá um painel frontal que informará quais produtos estão faltando. O eletrodoméstico será programado para se comunicar online com o supermercado e encomendar os itens necessários.

19. Pelo celular você enviará comandos para acender a luz da garagem e do jardim de casa. Pertinho da rua, poderá acionar a banheira de hidromassagem e descongelar um alimento para o jantar.

20. Para resolver o problema da mobilidade nas grandes cidades, a agência internacional de design Smart City aposta em carros públicos. Automóveis bem pequenos que você pegará em uma estação de metrô, usará durante o dia e depois devolverá.

21. Os estudos apontam para tecidos autolimpantes (que ficam limpos automaticamente) e termorreguladores (que aquecem ou refrescam o corpo de acordo com a temperatura ambiente). "Os avanços serão no sentido de trazer praticidade e conforto para o dia a dia", afirma Silvana Eva, gerente de produto da marca Lycra no Brasil.

22. A tendência worry free predominará nos tecidos. "A ideia é desenvolver fibras que dispensem cuidados excessivos ao lavar ou passar roupas", acredita Marcia Jorge, stylist, de São Paulo.

23. As marcas oferecerão mais opções de tamanho, não se restringindo ao P, M e G. As calças terão padrões diferentes para tamanho dos quadris e da cintura, volume do bumbum e a presença ou não de culotes. As camisas femininas levarão em conta a largura dos ombros, o formato dos seios etc.

24. "A moda massificada dará lugar à moda exclusivista. As pessoas vão participar do processo de criação da roupa optando por oficinas de customização", conta a stylist Marcia Jorge.

25. Os cremes trarão resultados mais rápidos e visíveis em termos de rejuvenescimento, eliminação de manchas ou tratamento para acne. "As substâncias ativas vão chegar às camadas profundas da pele, como hipoderme", explica Paschoal Rossetti Filho, cosmetólogo com especialização em Paris em ativos de beleza.

26. Os filtros solares terão fatores cada vez mais altos para proteção UVA a fim de evitar o câncer de pele. "Eles já estão sendo exigidos pela Anvisa", informa Antonio Celso, vice-presidente técnico da Associação Brasileira de Cosmetologia.
           
27. A TV interativa e inteligente será um padrão. Ao assistir a uma novela, por exemplo, será possível escolher o ângulo pelo qual deseja ver as cenas e conversar com telespectadores de outras cidades ou até de outros países.

28. "O conceito de beleza vai se afastar do padrão aniquilante de hoje", acredita a cientista social Celia Belem. O que importará no futuro será cuidar-se bem, sobretudo da pele, do cabelo e dos dentes.

29. "Está em estudo a substituição de implantes mamários por enxerto de gordura", conta Sebastião Nelson Edy Guerra, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

30. O desconforto no pós-operatório das cirurgias plásticas vai diminuir bastante graças à nova geração de medicamentos e equipamentos.

31. Haverá formas mais eficazes de eliminar papadas e bolsas. "Apostamos numa evolução com cicatrizes menos visíveis", conta Sebastião Guerra.

32. As gerações futuras não conhecerão dor de dente nem obturações. "O desenvolvimento científico do controle de micro-organismos bucais caminha para a descoberta de vacinas que evitem cáries e problemas periodontais", aposta Mario Groisman, cirurgião-dentista da Academia Brasileira de Odontologia.

33. "Os aparelhos ortodônticos serão feitos com fios metálicos com memória e alinharão os dentes do paciente automaticamente, sem que seja necessário voltar ao consultório para fazer ajustes", explica Mario Groisman.

34. Nunca as mulheres pareceram tão joviais – e é daqui para melhor, oba! Cremes altamente tecnológicos, cuidados precoces com a pele, tratamentos estéticos e a valorização crescente dos poderes da boa alimentação vieram para ficar.

35. Equipamentos de ultrassom e raios X se aprimorarão devido ao avanço da tecnologia e dos softwares. "Será possível ver e avaliar as estruturas internas das células e chegar a um diagnóstico preciso e rápido", conta Luiz Fernando Reis, diretor de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

36. A medicina individualizada é o desafio e a tendência. A indústria farmacêutica e a engenharia genética estarão empenhadas em desenvolver drogas e terapias específicas para as variedades de uma mesma doença em cada ser humano.

37. O Centro Nacional de Pesquisa do Câncer, na Espanha, divulgou o desenvolvimento de um exame de sangue que prevê riscos de sofrer de mal de Alzheimer e de Parkinson, problemas cardiovasculares ou câncer. "A previsão das autoridades médicas é de que esteja disponível entre cinco e dez anos", conta a médica Paula Cabral, do Rio de Janeiro.

38. "As gestantes poderão ter um aparelho de ultrassom portátil, como um celular, para mostrar o bebê a todos", aposta Valéria Labat, consultora gestacional, em São Paulo.

39. As mulheres viverão mais, mas o período fértil não se prolongará. Para o ginecologista Marcello Valle, especialista em reprodução humana, do Rio de Janeiro, o congelamento de óvulos será prática comum.    
           
40. Pesquisas devem descobrir os genes relacionados à infertilidade e à perda da reserva ovariana. Com isso, os tratamentos para engravidar serão mais rápidos, bem-sucedidos e menos traumáticos. Injeções de hormônios serão trocadas por comprimidos.

41. A moeda física (dinheiro, cheque, cartão de crédito) será menos usada, e os pagamentos ou transações financeiras ocorrerão por operações via computador, celular, tablet, smartphone.

42. Estudiosos preveem o uso de um dinheiro - ou uma referência financeira de valores - global, sem identidade vinculada a um único país.

43. "Em 50 anos, as taxas de juros devem baixar no Brasil. O mesmo deve ocorrer com as tarifas bancárias", prevê Amir Antonio Khair, economista e mestre em finanças públicas pela Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Segundo ele, isso deve ocorrer devido a movimentos populares organizados inicialmente via mídias sociais.

44. Nas empresas, as gestões se tornarão mais humanas e dinâmicas. A hierarquia existirá de forma mais flexível. "Para determinada atividade, um profissional assumirá o comando - independentemente de seu nível hierárquico. Em outra, essa coordenação mudará de mãos", explica Anna Zaharov, coach e consultora, de São Paulo.
                                                                                                                    
45. O profissional será estimulado a entender as profissões relacionadas à função dele e também a dominar as regras gerais do negócio.

46. "As futuras gerações deixarão de ter como referência a agilidade da máquina e se voltarão para um tempo mais humano, menos frenético", acredita Alvaro Guillermo, diretor da agência de estratégias criativas Mais Grupo, em São Paulo.

47. Os jovens das próximas décadas terão visão de vida circular, com mais liberdade para escolher as etapas que querem viver. "Eles não vão vislumbrar o futuro como algo predeterminado: estudar, casar, ter filhos, trabalhar, se aposentar... ", conta Laura Kroeff, publicitária e coordenadora de pesquisa e planejamento da Box 1824, em São Paulo.

48. "A ideia do trabalho associado ao sacrifício e que empobrece a vida pessoal estará desvinculada dos valores do futuro. O workaholic será visto como uma figura depreciativa e triste", avalia o sociólogo Gabriel Milanez, da Box 1824, em São Paulo.

49. Hobbies, estudos e pesquisas pessoais se tornarão fontes de renda alternativa. Uma estilista também poderá ser DJ no tempo livre, estudar mitologia grega - talvez dar palestras sobre o assunto - e trabalhar com animais abandonados. "As gerações serão do 'e', não do 'ou' ", diz Milanez.

50. Cada vez menos a formação acadêmica estará vinculada ao emprego que o profissional irá conquistar. Mulheres e homens precisarão de autoeducação contínua para entender o mundo e as novas dinâmicas, preparando-se para desempenhar diferentes papéis.




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