Estamos acostumados a conviver em espaços muito similares, salas de estar, de jantar, quartos, cozinhas, varandas, piscinas, bares, restaurantes, hotéis, praças enfim a maioria dos ambientes projetados são muito similares.
Mesmo que alguns apresentem fortes valores estéticos e visuais e, desta forma, aparentemente se diferenciam dos outros, ainda assim são raros aqueles que nos propiciam uma experiência inovadora e marcante. Por isso, vivemos envolvidos com o lugar comum, entendendo comum aquilo que se aplica a várias pessoas ou coisas, que é semelhante ou idêntico, e/ou que pertence a muitos ou a todos.
Para se ter uma experiência nova é preciso sair do lugar comum, já que experiência pressupõe o conhecimento ou aprendizado obtido através da prática ou da vivência, ou seja, aquilo que nossos sentidos percebem a partir da presença fisicamente no ambiente.
Num mundo altamente dominado pela tecnologia digital passamos a valorizar cada vez mais a oportunidade de viver momentos singulares de experiências em ambientes físicos e naturais e, por este motivo, permanecem mais ativos em nossa memória.
Lógico que criar esses espaços não é algo simples, e fazer isso preservando a funcionabilidade do ambiente, dentro de normas técnicas e padrões técnicos é mais complexo ainda, por isso a atividade compete a profissionais habilitados.
Mas, talvez seja esse um dos principais pontos que diferenciem, hoje, os grandes arquitetos e designers do mundo.
Ciente disto o artista argentino Leandro Erlich, que divide sua vida e trabalho entre as cidades de Buenos Aires e Montevidéu, tem criado instalações que desafiam os sentidos, e nos levam a analisar como as pessoas reagem e percebem estes ambientes que colocam o ser humano numa nova perspectiva e fora do lugar comum.
A reação é quase unânime, perceptíveis por todos que estão em volta, seja de felicidade, angustia, enjoo, inúmeras emoções que a grande maioria prefere registrar e guardar esse momento realizando muitas fotografias e postando e suas redes sociais. É importante lembrar que Leandro realiza este trabalho muito antes do Instagram, e não é a intenção promover o aplicativo com sua arte, mas, sem dúvida, o aplicativo tem milhares de fotos de seu trabalho pelo mundo.
E é aqui que reside nossa reflexão para a arquitetura e interiores, além da arte, o ser humano não deveria ser o ator principal dos ambientes?
Ambientes não deveriam nos permitir uma experiencia única e singular?
Que ambientes poderiam propiciar isto?
De fato, a única resposta é que a obra de Erlich nos faz pensar seja como arte, arquitetura ou interiores.
artigo publicado originalmente na revista Mix Design junho 22