sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Ambientes de luxo privilegiam encontros humanos

Bem que Mário Sérgio Cortella avisou, “pense além do obvio!”.  O que parecia obvio, ambientes construídos devem priorizar as relações humanas, não é mais obvio, é na verdade um luxo

Em matéria recente da WGSN, Milton Pedraza, CEO do Luxury Institute, disse em entrevista para o New York Times que uma das maiores obsessões das pessoas ricas é o contato humano. Segundo a pesquisa, o excesso de contato com telas virtuais e respostas da IA (Inteligência artificial), gastar dinheiro em lugares onde haverá o contato humano tornou-se uma obsessão das pessoas ricas. Este engajamento com o ser humano que deveria ser algo comum tomou status de luxo, assim pessoas buscam no luxo experiências mais humanas.

Em uma pesquisa da Forrester, 46% das empresas disseram que as vendas e o marketing estão liderando o investimento e a adoção de sistemas de IA , seguidos pelo suporte ao cliente (40%). Este contato maciço com tecnologia, principalmente os chatbots* têm gerado uma espécie de revolta dos clientes e principalmente aqueles que podem pagar mais, têm buscado escolher por atendimentos personalizados onde as relações humanas são valorizadas.

A revolução digital é fruto das novas tecnologias à base de algoritmos que costumam das respostas mais rápidas e eficientes que o ser humano, além de conseguir armazenar um grande número de informações, cada vez mais barata, por isso se popularizou. A classe média utiliza aplicativos e organiza sua vida com estes, já os ricos têm preferido o elemento emocional. Como é percebido em viagens de luxo onde a surpresa (mesmo desagradável) e a imprevisibilidade têm sido usadas como estratégias premium de agências em viagens com pacotes a partir de £175 mil por pessoa, para andar e caminhar por cidades e locais inesperados, indo na contramão da prática comum de pesquisar on-line antes da viagem.
Estabelecimentos comerciais como hotéis e restaurantes têm percebido esta demanda e o luxo nesses ambientes mudou do brilho e materiais caros, para tudo aquilo que teve contato humano. Ambientes que permitam perceber que teve pessoas empregadas, que o resultado é da participação prioritariamente do ser humano. O público que busca este luxo se sente melhor quando sabe que seu dinheiro está direcionado a pessoas e não máquinas.



Um bom exemplo é o hotel Casa Cook Kos recém-inaugurado na Grécia e que ilustra a matéria, autoria de Mastrominas ARChitecture um dos escritórios mais famosos de projetos de hospitalidade de luxo, com vários prêmios internacionais por sua arquitetura inovadora e exclusiva baseada na reinterpretação da arquitetura tradicional grega, mas com um vocabulário moderno, ganhou o PRIX VERSAILLES (da UNESCO) 2018 com este projeto.

São 100 quartos que contam com luxos pequenos e grandes, com casas cubistas de um e dois andares, agrupadas em torno de jardins e pátios. Os móveis com linhas limpas combinam-se com texturas naturais e ásperas e acessórios exóticos para criar o um verdadeiro santuário.  “Não importa qual o nível de luxo que você escolher, o estilo discreto é fornecido com muito conforto” afirma o hotel. 


*Chatbots: são programas de computador que tentam simular um ser humano na conversação com as pessoas. O objetivo é responder as perguntas de tal forma que as pessoas tenham a impressão de estar conversando com outra pessoa e não com um programa de computador. 

texto publicado originalmente na revista MIX Design 51